Introdução Bíblica- Parte 4 - Os Testamentos

Os Testamentos:

A Bíblia compõe-se de duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes da era de Jesus. O Novo Testamento foi composto pelos discípulos de Cristo ao longo do século I d.C.

A palavra testamento, que seria mais bem traduzida por aliança", é tradução de palavras hebraicas e gregas que significam "pacto" ou "acordo" celebrado entre duas partes ("aliança"). Portanto, no caso da Bíblia, temos o contrato antigo, celebrado entre Deus e seu povo, os judeus, e o pacto novo, celebrado entre Deus e os cristãos.

Estudiosos cristãos frisaram a unidade existente entre esses dois
testamentos da Bíblia sob o aspecto da Pessoa de Jesus Cristo, que declarou ser o tema unificador da Bíblia.

 Agostinho dizia que o Novo Testamento acha-se velado no Antigo Testamento, e o Antigo, revelado no Novo. Outros autores disseram o mesmo em outras palavras: "O Novo Testamento está no Antigo Testamento ocultado, e o Antigo, no Novo revelado". Assim, Cristo se esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.

Os crentes anteriores a Cristo olhavam adiante com grande expectativa, ao passo que os crentes de nossos dias vêem em Cristo a concretização dos planos de Deus. [1]


O antigo Testamento:

O antigo testamento que temos em nossa Bíblia hoje são os mesmos inscritos da Bíblia hebraica(Tanak), contudo, alguns livros foram divididos e reordenados conforme seu conteúdo.

O quadro a seguir foi retirado da obra de GEISLER, N. L.; NIX, W. E:


É dominante o entendimento de que Jesus cita a divisão em três partes empregada no Tanak na passagem encontrada no livro de Lucas (24:44).

O Dr. Henry H. Halley explica  que: “Na Septuaginta, a tradução grega da Bíblia hebraica feita por volta de 250 a. C., a ordem dos livros foi mudada, sendo que agora temos em nossa bíblia: Históricos (Gn-Dt), poéticos (Jó - Ct), e Proféticos (Is – Ml)”.

Contudo, os reformadores não se utilizaram da versão grega para fazerem as traduções para suas línguas.

Já os reformadores preferiram o original em hebraico para fazerem suas traduções, contudo não mantiveram a divisão em três partes do Tanak, antes preferiram manter a mesma ordem utilizada na Septuaginta.

GEISLER e NIX[2] ensinam que a divisão da Septuaginta em quatro partes tem um formato mais tópico, que foi seguido pela Vulgata latina e todas as Bíblias posteriores a ela.

 Adotando a mesma regra da divisão usada na Septuaginta, o Antigo testamento facilita a visão cristocêntrica baseando-se nos ensinos do próprio Cristo que afirmou ser ele próprio o tema do Antigo Testamento (Mt 5.17; Lc 24.27; Jo 5.39; Hb 10.7). Assim, também para o novo testamento adotou-se divisão semelhante.

Mas adiante analisaremos ainda a construção do canon do novo testamento, mas para concluirmos de forma mais adequada o argumento acima apresentado, vale analisarmos o quadro proposto pelos escritores supracitados.











*  Anelo: Ato de querer, aspirar, desejar.


O novo testamento:

Existem mais informação a respeito da formação do Canon do novo testamento, inclusive com informações contidas dentro dos próprios livros que o compõe.

A já citada obre de Henry Hampton Halley[3] vai nos apontar algumas destas passagens:
·        Paulo reivindica para seus ensinos a inspiração de Deus (1 Co 2; 6-13;14:37; 1 Ts 2:13);
·        Assim também fez João em Apocalipse (Ap 1:2);
·        A intenção de Paulo era que suas epístolas fossem lidas nas igrejas (Cl 4.16; 1 Ts 5:27; 2 Ts 2:15);
·        Pedro escreveu a fim de que  as igrejas pudessem “lembrar-se destas coisas depois de minhas partida” (2 Pe 1:15; 3:1-2);
·        Paulo citou como parte das Escrituras: “O trabalhador merece seu salário” (1 Tm 5:18). Essa frase não se acha em nenhuma parte da Bíblia, a não ser em Mateus 10:10 e Lucas 10:7 _ evidência de que o evangelho Mateus ou de Lucas já existia e de que era considerado Escritura;
·        Pedro classificou as epístolas de Paulo como “as demais Escrituras” (2 Pe 3:15-16).




[1] Idem citação 5.
[2] GEISLER, N. L.; NIX, W. E. Introdução Bíblica - Como a Bíblia chegou até nós. Editora Vida: São Paulo, 1997
[3]  HALLEY, Henry H. Manual Bíblico : Um comentário abreviado da Bíblia. 3ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1994, p843.