Os Testamentos:
A Bíblia compõe-se de duas partes
principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento foi
escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes
da era de Jesus. O Novo Testamento foi composto pelos discípulos de Cristo ao
longo do século I d.C.
A palavra testamento, que seria
mais bem traduzida por aliança", é tradução de palavras hebraicas e gregas
que significam "pacto" ou "acordo" celebrado entre duas
partes ("aliança"). Portanto, no caso da Bíblia, temos o contrato
antigo, celebrado entre Deus e seu povo, os judeus, e o pacto novo, celebrado
entre Deus e os cristãos.
Estudiosos cristãos frisaram a unidade
existente entre esses dois
testamentos da Bíblia sob o aspecto da
Pessoa de Jesus Cristo, que declarou ser o tema unificador da Bíblia.
Agostinho dizia que o Novo Testamento acha-se
velado no Antigo Testamento, e o Antigo, revelado no Novo. Outros autores
disseram o mesmo em outras palavras: "O Novo Testamento está no Antigo
Testamento ocultado, e o Antigo, no Novo revelado". Assim, Cristo se
esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.
Os crentes anteriores a Cristo olhavam
adiante com grande expectativa, ao passo que os crentes de nossos dias vêem em
Cristo a concretização dos planos de Deus. [1]
O antigo Testamento:
O antigo testamento que
temos em nossa Bíblia hoje são os mesmos inscritos da Bíblia hebraica(Tanak), contudo, alguns livros
foram divididos e reordenados conforme seu conteúdo.
O
quadro a seguir foi retirado da obra de GEISLER, N. L.; NIX, W. E:
É
dominante o entendimento de que Jesus cita a divisão em três partes empregada
no Tanak na passagem encontrada no livro
de Lucas (24:44).
O
Dr. Henry H. Halley explica que: “Na Septuaginta, a tradução grega da Bíblia
hebraica feita por volta de 250 a. C., a ordem dos livros foi mudada, sendo que
agora temos em nossa bíblia: Históricos (Gn-Dt), poéticos (Jó - Ct), e
Proféticos (Is – Ml)”.
Contudo,
os reformadores não se utilizaram da versão grega para fazerem as traduções
para suas línguas.
Já
os reformadores preferiram o original em hebraico para fazerem suas traduções,
contudo não mantiveram a divisão em três partes do Tanak, antes preferiram manter a mesma ordem utilizada na Septuaginta.
GEISLER e NIX[2] ensinam
que a divisão da Septuaginta em
quatro partes tem um formato mais tópico, que foi seguido pela Vulgata latina e todas as Bíblias
posteriores a ela.
Adotando
a mesma regra da divisão usada na Septuaginta,
o Antigo testamento facilita a visão cristocêntrica baseando-se nos ensinos do
próprio Cristo que afirmou ser ele próprio o tema do Antigo Testamento (Mt
5.17; Lc 24.27; Jo 5.39; Hb 10.7). Assim, também para o novo testamento
adotou-se divisão semelhante.
Mas
adiante analisaremos ainda a construção do canon
do novo testamento, mas para concluirmos de forma mais adequada o argumento
acima apresentado, vale analisarmos o quadro proposto pelos escritores
supracitados.
O novo testamento:
Existem mais informação a respeito da formação do Canon do novo
testamento, inclusive com informações contidas dentro dos próprios livros que o
compõe.
A já citada obre de Henry Hampton Halley[3]
vai nos apontar algumas destas passagens:
·
Paulo reivindica
para seus ensinos a inspiração de Deus (1 Co 2; 6-13;14:37; 1 Ts 2:13);
·
Assim também fez
João em Apocalipse (Ap 1:2);
·
A intenção de Paulo
era que suas epístolas fossem lidas nas igrejas (Cl 4.16; 1 Ts 5:27; 2 Ts
2:15);
·
Pedro escreveu a fim
de que as igrejas pudessem “lembrar-se
destas coisas depois de minhas partida” (2 Pe 1:15; 3:1-2);
·
Paulo citou como
parte das Escrituras: “O trabalhador merece seu salário” (1 Tm 5:18). Essa
frase não se acha em nenhuma parte da Bíblia, a não ser em Mateus 10:10 e Lucas
10:7 _ evidência de que o evangelho Mateus ou de Lucas já existia e de que era
considerado Escritura;
·
Pedro classificou
as epístolas de Paulo como “as demais Escrituras” (2 Pe 3:15-16).